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“O esqueleto pode ser definido como um conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo humano e desempenhar diversas funções (Dangelo e Fattini, 2000) “.

O sistema estomatognático ou mastigatório é uma unidade funcional, responsável principalmente pela mastigação, fala e deglutição, juntamente com outras estruturas, a articulação temporomandibular faz parte desse sistema (OKeson, 2000).

Nesta matéria você encontra tudo o que precisa saber sobre a relação entre as disfunções temporomandibulares e a postura. Continue lendo!

A articulação temporomandibular

A articulação temporomandibular faz parte do sistema estomatognático devido a sua ligação com as cadeias musculares e também por existir conexões nervosas entre os núcleos dos nervos e aferências para as formações que intervêm no equilíbrio tônico postural (Bricot, 2001).

A articulação temporomandibular é uma articulação sinovial, considerada a mais complexa do corpo onde pode haver duas articulações presas ao mesmo osso (mandíbula), complicam ainda mais o funcionamento de todo o sistema mastigatório, essa articulação pode trabalhar separadamente e ao mesmo tempo, mas sempre sofrerá influência uma da outra (Okeson, 2000).

A articulação temporomandibular e a mandíbula, justamente por trabalharem juntas, podem apresentar movimentos compensatórios. A mandíbula é vista como o único osso móvel do crânio e face. Para realizar os movimentos, é necessário que os músculos trabalhem em conjunto, sendo que o equilíbrio da mandíbula depende do equilíbrio oclusal e muscular corporal (Arellano, 2002).

As disfunções temporomandibulares

As disfunções temporomandibulares ocorrem quando a articulação funciona de uma forma inadequada, sendo um termo usado para abranger distúrbios funcionais que envolvem o sistema estomatognático da articulação temporomandibular e dos músculos craniocervicofaciais, contudo, possuem interligações entre articulações e músculos (Siriani et al, 2005; Molina et al, 2001; Okeson, 2000).

O desequilíbrio da mandíbula contribui para as disfunções temporomandibulares e a postura, ocasionando uma diferença de comprimento muscular e gerando mudanças compensatórias em outros músculos como os da cintura escapular e coluna cervical e assim podem alterar todo equilíbrio músculo-esquelético (Ferraz et al, 2004).

As disfunções temporomandibulares podem originar-se de problemas posturais situados abaixo do complexo craniomandibular, por problemas na região estomatognática ou por patologias mistas (Arellano, 2002).

Os pacientes podem apresentar dor na articulação por espasmo muscular e dor miofascial nos músculos craniocervicofaciais, podendo ser descrita como dor de cabeça, tensão nos músculos da mastigação de forma dolorosa, dor referida devido a irritação do nervo occipital chamada de dor de cabeça por tensão, hiperatividade dos músculos mastigatórios, ruídos articulares e função articular irregular ou limitada (Siriane et al, 2005 e; Kisner C).

Etiologia

Os desequilíbrios que ocorrem podem ser por uma má oclusão dentária, má mecânica articular devido a inflamação, subluxação, luxação, contraturas, articulares ou forças assimétricas devido a desequilíbrios na mordida e mandíbula, espasmos nos músculos da mastigação causados pela hiperatividade muscular que envolve hábitos parafuncionais (bruxismo ou apertamento dos dentes) correspondente a 80% da etiologia da disfunção temporomandibular (Liu CY, 2002).

Duas causas principais são conhecidas na relação entre as disfunções temporomandibulares e a postura: a má oclusão dentária que significa “mordida” ou fechamento dos dentes de forma inadequada, podendo também estar relacionada a uma certa discrepância de bases ósseas maxilo – mandibulares ou a desarmonia dental (Troian MA, 2005).

Quando há alterações na postura da cabeça como por exemplo protrusão, ocorre retração da mandíbula e alongamento resultante dos músculos anteriores da garganta, onde para equilibrar a alteração ocorre um aumento de atividade dos músculos que fecham a boca (Kisner C).

Devido à interação existente entre cada parte do corpo, é necessário analisar o indivíduo como um todo. Alguns autores ressaltam que as anormalidades posturais podem levar a uma hiperatividade muscular e assim contribuir para as disfunções temporomandibulares (Machado e Lima, 2004).

Ao observar a possível relação existente entre disfunção temporomandibular e postura realizou-se diversas pesquisas para tentar identificar qual relação entre as duas, mas ainda existem poucos estudos que confirmem que as alterações posturais e do restante do corpo podem levar a um processo de desvantagem biomecânica da articulação temporomandibular e consequentemente acarretar em disfunção (Vieira et al, 2004).

A postura

Segundo Kisner, a postura é “uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo do corpo para uma atividade específica ou uma maneira característica de alguém sustentar seu corpo”, é sustentada por estruturas dinâmicas (músculos e estruturas tendíneas), estruturas que sustentam o corpo e ajudam na locomoção do mesmo (ligamentos, fáscias, ossos, articulações), a gravidade é a estrutura responsável por sobrecarregar as zonas que mantém o corpo em uma posição ereta (Kisner).

Bricot B (2001) coloca que o sistema postural apresenta funções como lutar contra a gravidade para conseguir se manter na postura, opor-se às forças externas, situar-se no espaço, guiar, reforçar os movimentos e equilibrar durante o movimento.

Para que haja equilíbrio da postura é necessário a utilização dos músculos para contrabalancear a força da gravidade, que mantém a sua função de estabilização.

Devido a contração tônica, o músculo tônico postural mantém o músculo e posição, sendo responsável por manter a postura no ato de levantar-se, sentar-se, manter-se em pé ou sentado, se opor a forças externas, como no movimento (Patton T, 2002; Bricot, 2001).

Bricot B (2001) relata que a nossa postura estática é guiada por cadeias musculares e qualquer disfunção ou desarmonia destas cadeias levará a uma perturbação do tônus postural.

Sendo necessário que para as articulações vertebrais funcionarem normalmente é preciso que as tensões musculares estejam equilibradas, uma postura em equilíbrio pede cadeias musculares harmoniosas, articulações sem estresse que será a porta para uma mobilidade normal e integridade anátomo-fisiológica apresentando ausência de dor.

O desequilíbrio tônico postural é causado por forças anormais provocadas pela assimetria das cadeias musculares que como consequência vai gerar patologias que podem ser articulares, ligamentares ou musculares e acredita-se que mais de 90% dos indivíduos apresentam um desequilíbrio tônico postural (Bricot B, 2001).

Algumas síndromes dolorosas podem estar relacionadas com a má postura, que é vista como uma postura fora do alinhamento normal e sem limitações estruturais, nos casos de síndrome dolorosa o problema é a sobrecarga mecânica, onde não possui anormalidades em equilíbrio de força e flexibilidade muscular, se a má postura persistir consequentemente desenvolverá desequilíbrios de força e flexibilidade.

Na disfunção postural ocorre encurtamento de tecidos moles e fraqueza muscular envolvida.

A relação entre as disfunções temporomandibulares e a postura

A coluna vertebral trabalha como resultado de movimentos combinados de vértebras individuais e fornece um ponto de articulação para o movimento e sustentação da cabeça na região cervical. Devido a essas estruturas do corpo possuírem interligações, a articulação temporomandibular não pode ser vista isoladamente onde as relações existentes entre o crânio, a maxila e a coluna cervical são pontos importantes na função e na disfunção (Lippert, 2003).

O corpo humano possui cadeias musculares (músculos que trabalham de forma sinérgica) essas cadeias musculares fazem todas as ligações, sendo elas escapulares e pélvicas. As ligações tendem a deformar, inclinar e se torcer sob o efeito das solicitações assimétricas protegendo dessa forma a coluna vertebral (Bricot, 2001).

O corpo possui também ligação com outras partes através da fáscia que é uma membrana fibrosa responsável por envolver o músculo e permitir que se deslizam um sobre o outro e pode dessa forma influenciar no desequilíbrio da articulação temporomandibular e postura (Souchard e Oliver, 2001; Calais, 2002).

O aparelho mastigatório está diretamente conectado ao sistema muscular por intermédio dos músculos da abertura da boca e do osso hióide, tem um papel de base que é extremamente fundamental, esse papel é realizado também através dos músculos chamados de contra apoio da oclusão e da deglutição. Sendo assim, todo desequilíbrio que ocorrer no aparelho mastigatório, poderá ocorrer sobre o conjunto do sistema tônico postural (Liu et al, 2003; Bricot, 2001; Fuentes et al, 1999).

O sistema tônico postural tem como finalidade atuar em desequilíbrios bruscos e intervenções de longo tempo, faz-se necessário mudar toda sua biomecânica com formas compensatórias (Fuentes et al, 1999).

As anormalidades esqueléticas podem levar a uma sobrecarga excessiva do sistema músculo-esquelético por causar movimentos compensatórios em articulações associadas como na desigualdade de comprimento (Watkins, 2001).

Segundo Kittel (2007) as compensações musculares representam um mecanismo considerado necessário para encontrar uma estabilidade para a mandíbula e cervical durante a sua função. Os desvios posturais, como pronação de um pé, perna curta, e escoliose podem resultar na perda da lordose lombar, cifose torácica, posturas sentadas encurvadas habituais ou ocupacionais, retificação da cervical.

Essas alterações fazem os músculos da cabeça e pescoço ficarem encurtados ou se manterem em contração, entre outras pode levar a assimetrias posturais, alterações nas relações craniovertebrais que consequentemente devido ao encurtamento de alguns músculos e alongamento excessivo de outros acaba causando um reposicionamento da mandíbula e hiperatividade dos músculos da mastigação (Smith et al, 1997).

Lopes (2006) observou de acordo com seus resultados que as alterações posturais podem influenciar na atividade eletromiográfica e levar a hiperatividade muscular.

Santander el al (2000) em uma avaliação da atividade muscular nos músculos esternocleidomastóideo em relação a posição da cabeça do pescoço obteve como resultado um aumento na atividade eletromiográfica na musculatura contralateral e ao observar bilateralmente teve assimetria que sugere a existência de variadas posições da cabeça em diferentes comportamentos da atividade muscular.

A disfunção na musculatura estática é comum nas disfunções, segundo a análise de Nicolakis et al (2000), ao realizar análises posturais e de funções, pôde obter como resposta anormalidades posturais em região da cervical e tronco com comprometimento de função muscular.

Alguns estudos devido avaliação postural tem mostrado um achado de interiorização da cabeça em pacientes (Nicolakis et al, 2000; Liu et al, 2003 e Gonzales e Manns, 1996 apud Dias, 2005) onde segundo esse último autor “a cabeça encontra-se dinamicamente balanceada na coluna quando os olhos focam o horizonte, isso ocorre em condições normais, porém quando se tem uma alteração como hiperlordose cervical talvez na tentativa de nivelar o olhar pode ocorrer uma interiorização da cabeça”.

A articulação temporomandibular é considerada uma articulação ímpar por possuir uma relação direta com os dentes, onde todo o problema que ocorrer na articulação temporomandibular pode influenciar a oclusão e vice-versa. Ao considerar essas relações, é importante realçar a necessidade de trabalhar ou encaminhar o paciente para um odontologista para um trabalho multidisciplinar para se conseguir resultados eficazes e também levar em consideração que as atividades funcionais, além do estresse físico e emocional podem influenciar (Hall e Thin, 2001).

A morfologia, função e postura são fatores importantes para que as forças que mantém um bom equilíbrio de oclusão possam ser mantidas, onde se interagem para manter uma oclusão normal; esses fatores vão contribuir para um crescimento contínuo, desenvolvimento da oclusão normal e fase balanceada (Sueishi e Yamaguchi, 2003).

Segundo Bricot (2001), “os distúrbios de oclusão descompensam o sistema tônico postural e os distúrbios posturais desequilibram o sistema estomatognático onde passa a ser um grande obstáculo para correção”.

Conclusão

A disfunção temporomandibular é uma doença que, depois de instalada, é quase sempre progressiva e o que não conseguimos determinar é a velocidade dessa progressão e suas consequências. Portanto, o ideal é o tratamento precoce, que certamente proporcionará melhores soluções e resultados.

Apesar de vários estudos relatarem alguns dados epidemiológicos serem de grande valor, ainda não são suficientes ao levar em consideração que são poucos estudos desenvolvidos e publicados apresentando a relação da disfunção temporomandibular com a postura.

Estudos mostram que o aumento da lordose cervical é um dado importante encontrado sobre a relação das disfunções temporomandibulares e a postura.

Nicolas através de estudo verificou anormalidades posturais e de função nos pacientes avaliados, onde observou o aumento da cervical que consequentemente pode levar a anteriorização da cabeça, o aumento da cifose torácica, da lordose lombar, protusão abdominal, abdução escapular e dentre outras alterações, pode também chegar à hipótese de que o enfraquecimento dos músculos abdominais pode comprometer a região da cervical.

De acordo com Vieira, alterações posturais de todo corpo podem fazer com que ele sofra alterações na sua biomecânica.

Muitas vezes trabalhamos as disfunções temporomandibulares e a postura isoladamente, porém não podemos esquecer que um desequilíbrio em um local pode levar a um “efeito em cascata” ou seja influenciando todo corpo por compensações prejudicando a nossa postura, que se não for levado em consideração o resultado esperado pode ser comprometido. Por isso faz-se necessário identificar a causa do problema e encaminhar para outros profissionais, assim haverá uma melhor resposta ao tratamento.


























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