Por que Pilates para deficientes físicos? Bom, quando fui convidada para escrever nesse espaço, pensei bastante sobre o que falar em meu primeiro artigo.
Procurei passar uma boa impressão, escrever algo que despertasse o interesse de vocês da forma mais positiva e inspiradora possível.
Assim, escolhi compartilhar uma experiência maravilhosa, na qual aprendi muito e pude comprovar o quão maravilhoso é o Método Pilates.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015 revelam que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde é de 2013 (PNS) e considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual.
Essa pesquisa foi uma das razões que me motivaram a escolher o tema desse artigo, meu objetivo aqui é compartilhar minha experiência com aulas de Pilates para deficientes físicos.
O Pilates para todos
Logo na criação do método, Joseph afirmava que a Contrologia correspondia ao controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo, ou seja, na utilização e aplicação de forma adequada de todos os princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto.
Deste modo se caracterizava como a coordenação completa de corpo, mente e espírito, onde através do Pilates, qualquer indivíduo poderia alcançar o controle completo do próprio corpo, e com a rotina adequada de repetição dos exercícios chegaria a coordenação e ritmos naturais, adequando o consciente a todas os mecanismos inconscientes.
Nesse sentido podemos pensar sobre o desenvolvimento do corpo humano desde a infância até o envelhecimento. Na infância, resguardando algumas exceções, a relação humana com o corpo, ainda em desenvolvimento, é livre, natural, plena.
Esses princípios conforme o próprio Pilates acreditava, se aplica a todos.
Foi a partir dessa crença de Joseph, que dei aulas de Pilates para deficientes físicos, a superação desse grupo especial, é tão grande que me encantei.
Aulas com Kryzanowska
Acredito que todos vocês já devem ter ouvido histórias sobre Joseph Pilates na época da 1ª Guerra Mundial, em que ele ajudou a cuidar dos feridos e amputados durante o período em que ficou preso no campo de refugiados na Inglaterra.
Pois bem, segundo Benjamin Degenhardt (Profissional de Pilates e Pesquisador), não existe nenhuma prova documentada sobre ele realmente ter passado por essas experiências. No entanto, as belas histórias nos servem – sempre – de inspiração.
Durante minha formação com Romana Kryzanowska, tive algumas informações teóricas de como usar o Método com pessoas com vários tipos de limitação, inclusive amputados – mas, até então, tudo na teoria.
Pilates para deficientes físicos
Eis que um belo dia surge no Studio uma mulher bonita, simpática e muito alegre.
Seu nome era Sueli.
Tinha a perna esquerda e parte do pé direito amputados, e gostaria de praticar Pilates! Fui sincera e disse que não tinha nenhuma experiência com amputados, mas que, com certeza, poderia ajudá-la com o meu trabalho. Ela topou!
Usei o que aprendi na teoria durante a formação, li muito sobre o assunto, conversei com colegas Educadores Físicos (como eu) e Fisioterapeutas, e isso tudo me ajudou a iniciar o trabalho.
Além dos princípios do Método, alguns conceitos como “manter a caixa” (alinhamento do tronco) e “trabalhar com forças opostas” fizeram com que ela trabalhasse conscientemente o seu “Power House” e desenvolvesse um centro forte e estável.
No começo, trabalhava sempre com a prótese. Depois de uns seis meses, propus a ela um novo desafio: fazer uma aula sem a prótese. Ela adorou a ideia e contou que se sentia mais livre sem o objeto. Daí para frente, o trabalho fluiu cada vez mais.
Eu percebia o quanto ela se tornava mais ágil e forte a cada dia, e as dores na coluna iam diminuindo e até sumindo em alguns momentos.
Não sei mensurar o quanto esta experiência me fez crescer profissionalmente e pessoalmente, mas meu desejo é que todos vocês tenham uma oportunidade como eu tive.
Meu conselho: estude muito, construa uma base sólida de conhecimentos para não ter medo de experimentar, e principalmente, tenha bom senso.
Infelizmente, depois de três anos Sueli precisou mudar de cidade por conta do trabalho, e não pode continuar as aulas no Studio.
De presente, deixo um pequeno vídeo da Sueli, eu mesma gravei as imagens durante uma aula.
Benefícios
Todos os exercícios do método buscam reabilitar e fortalecer o corpo.
Além disso, o Pilates para deficientes físicos traz autonomia, melhora a auto estima, e promove a socialização das pessoas com deficiência, que a partir dos movimentos, tem seus músculos fortalecidos.
A Contrologia desenvolvida por Joseph Pilates, é um importante aliado no processo de reabilitação e pós-reabilitação nos casos de pós-cirurgias, lesões, complicações genéticas e articulares, inclusive os transtornos neurológicos.
Os pacientes têm uma melhora na coordenação motora, e na postura além de mais força, equilíbrio e flexibilidade.
Os movimentos realizados durante o Pilates proporcionam um alongamento e fortalecimento que podem parecer simples, mas agem no corpo de forma integrada e individualizada.
Concluindo…
É importante ressaltar que para qualquer atividade física, independente de qual seja, é necessário que o instrutor acompanhe de perto e monte treinos diferenciados para seus pacientes , isso porque os deficientes precisam de exercícios mais dinâmicos e lúdicos para que mantenham sua mente focada na atividade.
Quero ressaltar que trabalho somente com o Pilates Clássico.
Embora muitos não saibam, existem muitas ferramentas para adaptarmos os exercícios sem a necessidade de usar outras técnicas ou inventar coisas novas e diferentes.
Espero que gostem! Ficarei feliz em responder comentários e questionamentos de vocês.
Sintam-se abraçados!
Oi Adriana! Tudo bem?
Meu nome é Mônica e também trabalho com um aluno amputado. Sou professora de Educação Física e pós graduada no Método Pilates. Me interessei nessa matéria por querer trocar experiências, já que é algo não muito comum. É a primeira vez que vejo alguém que também tem um aluno amputado. Confesso que no início achei um pouco difícil, mas depois fui aceitando o desafio e hoje é uma das aulas que mais gosto de dar. Acho muito gratificante. Adoraria trocar experiências sobre as aulas. Obrigada!
Olá Monica! Será um prazer conversar com você e trocar experiências. Meu e-mail é [email protected]
Um Abraço!
Este desafios é o que nos torna cada vez mais maduro profissionalmente! Parabéns pelo seu trabalho! Quando crescer quero ser igual a você!
Obrigada por estar fazendo história!
Beijinhos.
?????
Obrigada Gisele!
Você também é uma excelente profissional e tenho certeza que vai voar alto.
Bjs
Que linda história e aluna dedicada! Parabéns pelo trabalho! Desafios assim sempre faz crescermos como profissionais e pessoas! Trabalho com uma paciente amputado também! ?
parabens pelo seu conteudo
Olá queria saber se você pode tá me ajudando, tenho um trabalho para apresentar um caso clínico de um paciente amputado nível transtibial, que tem encurtamento dos flexores do joelho e fraqueza muscular nos membros inferiores e superiores… mas não estou achando os exercícios certos para estar aplicando, você poderia me ajudar?
Olá, bom dia!!!
Eu tenho interesse em participar do grupo do whats app para trocar informações, mas não estou conseguindo.
Como posso estar fazendo?
Obrigada.
Olá Ana Paula,
Por favor envie o seu número, com DDD, para o email [email protected] e eu darei a sequência para te colocar nos grupos.
Olá. Estou tendo dificuldade em achar vídeos ou matérias, falando de deficientes físicos de membro superior, vejo só inferiores ou cadeirantes. Gostaria muito de fazer parte de um grupo que auxilie nessas informações e estudos. Muito grata.
Olá Adriana, boa tarde! Tudo bem?
Gostei muito da sua matéria, parabéns!!!
Eu sou pai de uma criança com Miopatia Congênita, é uma doença neuromuscular menos agressiva do que uma distrofia, mas que também devido a um erro genético, no caso do meu filho o erro é no COLA I do Colágeno VI, causa enfraquecimento dos músculos e perda de massa magra por não aproveitar a glicose como deveria.
O Samuel tem hoje 8 anos e dez meses, anda com dificuldade, não corre, não pula e, precisa de ajuda para se levantar do chão se cair e não tiver um apoio para se levantar sozinho. Ele fez anos de fisioterapia na Rede Lucy Montoro, AACD, Universidades, é acompanhado por equipe de Neurologistas Musculares no HC e, estamos sempre em busca de melhores terapias para auxiliá-lo visando o aumento da qualidade de vida.
Agradeço por sua atenção!
Robson Godoy
belo trabalho. alto estima lá em cima. muito inspirador.