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*Este conteúdo é científico e pode ser utilizado para pesquisas*

É fato que o Método Hipopressivo vem ganhando adeptos no mundo todo e no Brasil. Além da prática para fins estéticos, as pessoas procuram o Método como uma proposta para o tratamento de diversas patologias, auxílio e prevenção de disfunções.

Mas será que esta técnica tão inovadora e eficaz pode ser praticada por todas as pessoas?

Leia o texto até o final e saiba quais as contraindicações da Ginástica Hipopressiva!

O que é a Ginástica Hipopressiva?

Consiste em uma alternativa de treinamento postural com efeito sistêmico, cuja via potencializadora é o sistema respiratório. Seu principal foco é o gerenciamento das pressões intra-cavitárias, principalmente a intra-abdominal (PIA) e com ação reflexa, a contração dos músculos do assoalho pélvico (MAP) e da faixa abdominal.

A pressão intra-abdominal (PIA) é definida como a pressão uniforme e oculta no interior da cavidade abdominal, vinda da interação entre a parede abdominal e as vísceras em seu interior. Ela oscila de acordo com:

  • Fase respiratória;
  • Resistência que a parede abdominal impõe;
  • Volume dos órgãos ocos e/ou sólidos.

Assim, o Método Hipopressivo, através da melhora do sistema de estabilização central, a longo prazo, promove:

  • Aumento do tônus da faixa abdominal e do MAP;
  • Redução do perímetro do abdômen e cintura;
  • Auxilia no tratamento da incontinência urinária;
  • Melhora a vascularização;
  • Melhora a gestão da PIA ao esforço prevenindo assim várias disfunções de origem sistêmica;
  • Melhora da postura corporal;
  • Melhora do sistema respiratório e mobilidade da caixa torácica;
  • Tratamento de diástases abdominais. 

O conceito surgiu na década de 80, com o fisioterapeuta Dr. Marcel Caufriez, após ele realizar vários estudos e investigações sobre como obter uma resolutividade perante as diversas situações que as mulheres sofrem durante os ciclos de vida: sistema hormonal e visceral; peri-parto, parto e pós-parto; disfunções sexuais e do assoalho pélvico.

Todos os públicos e perfis podem praticar o Método Hipopressivo?

Apesar de ser uma modalidade que promete vários resultados sistêmicos e estéticos, existem alguns cuidados na hora da prática.

Alguns princípios técnicos devem ser levados em consideração como:

  • Postura do Método: estimular o crescimento axial preservando as curvaturas fisiológicas da coluna; manter a contração isométrica dentro das posturas, ajustando a angulação dos membros superiores de acordo com a angulação da caixa torácica;
  • Mecânica respiratória: os ciclos respiratórios são realizados com o padrão costal, sendo que inspirações e expirações estão acompanhando o volume corrente, apnéias (pausas respiratórias) seguidos ou NÃO de sucção diafragmática. Repare que quando falamos da sucção diafragmática, NEM TODAS as pessoas terão a necessidade de realizar a aspiração do diafragma.

E por quê? A aspiração diafragmática tem como objetivo principal a diminuição da PIA e, consequentemente, a normalização do tônus muscular, inclusive do diafragma. Contudo, não são todas as pessoas que possuem uma hipertonia do diafragma! As pessoas podem, sim, apresentar uma PIA aumentada, porém com o tônus diafragmático normalizado!

Mas atenção: uma pessoa com este perfil, pode e DEVE realizar o Método Hipopressivo sem realizar a aspiração diafragmática. Ela alcançará os mesmos benefícios que a técnica proporciona.

  • Diástases: os retos abdominais têm um papel significativo na mecânica respiratória e na contenção visceral. É fisiológico que haja uma pequena separação dos retos abdominais, a chamada diástase fisiológica, por causa da manutenção das variações pressóricas intra-abdominais. Porém, indivíduos com maus hábitos alimentares, dentre outros motivos, podem gerar excesso de gases, o que acarretará em um abdômen globoso, tornando a faixa abdominal distendida. Logo, o transverso do abdômen distende-se para a contenção visceral devido o aumento da PIA e o corpo, como um mecanismo de proteção tracionar a linha alba, afastando os retos abdominais, terá ocasionado a diástase NÃO FISIOLÓGICA.

Em casos de diástases NÃO FISIOLÓGICAS, a aspiração diafragmática é contra-indicada, porém o indivíduo poderá realizar a técnica obtendo os mesmos resultados, inclusive, na redução da diástase.

Todos estes cuidados no momento de prescrever a técnica para cada pessoa é de extrema importância para a obtenção de resultados satisfatórios

Mas será que existem contraindicações no Método Hipopressivo? Sim! Existem as contraindicações RELATIVAS, ou seja, aquelas condições que precisam ser acompanhadas, porém não impedem que a pessoa realize a Ginástica Hipopressiva.

Já as contraindicações ABSOLUTAS são aquelas condições totalmente proibidas para a execução da técnica, pois podem trazer consequências negativas para o indivíduo.

Conheça agora as cinco principais contraindicações para a realização do Método Hipopressivo.

5 contraindicações do Método Hipopressivo

Hipertensão arterial sistêmica

Para entendermos o porquê desta contraindicação, vamos conhecer como a Ginástica Hipopressiva atua no sistema nervoso.

Sistema Nervoso Método Hipopressivo

O sistema nervoso é dividido em central (SNC) e periférico (SNP).

O SNC engloba o encéfalo e a medula espinhal. Sua principal função é codificar as mensagens enviadas através de um estímulo e processá-las em forma de respostas. O SNP envolve os nervos e gânglios, responsáveis por enviar informações para o SNC e deste para todos os órgãos.

O SNP pode ser dividido em voluntário (SNV) e autônomo (SNA). O sistema nervoso autônomo pode ainda ser dividido em simpático e parassimpático com funções antagônicas. Enquanto o simpático atua basicamente na estimulação do metabolismo, em reações de luta ou fuga, o parassimpático atua na homeostase, ou seja, no equilíbrio orgânico.

Método Hipopressivo 2

Sendo assim, a principal via neural ativada durante as técnicas hipopressóricas é o sistema nervoso simpático explicado pelas posturas sustentadas e a técnica respiratória com apnéias e sequências de sucções diafragmáticas.

Quando o sistema nervoso simpático é ativado, ele produz um importante neurotransmissor, a DOPAMINA que, além de suas várias funções no corpo, dependendo da via em que é liberada, tem como principal efeito dentro de uma aula do Método Hipopressivo, a sensação de bem-estar e prazer pós prática.

As apnéias estimuladas durante os exercícios hipopressivos aumentam a pressão cardíaca diastólica, sendo um risco para indivíduos que são hipertensos. Outras características do Método são as posturas sustentadas, que aumentam a resistência vascular periférica (RVP), sobrecarregando o lado esquerdo do coração. Por esses dois pontos, a Ginástica Hipopressiva para hipertensos é uma contraindicação ABSOLUTA.

Síndrome de Crohn

A Síndrome de Crohn é uma doença crônica inflamatória do trato gastrointestinal que afeta a parte inferior do intestino delgado e o intestino grosso. Os sintomas comuns são: diarréia, cólica abdominal, às vezes febre, sangramento do reto, perda de apetite e peso corporal.

A contraindicação do Método Hipopressivo é ABSOLUTA já que, assim como outras doenças inflamatórias intestinais, altera o metabolismo e pode favorecer o processo inflamatório, piorando o quadro clínico.

Síndrome de Crohn

Síndrome Vasovagal

Consiste em uma ativação inapropriada do nervo vago (sistema nervoso parassimpático), que faz com que ocorra lentidão para a chegada do fluxo sanguíneo ao cérebro e ao coração, provocando diminuição dos batimentos cardíacos e pressão arterial, consequentemente há a perda transitória da consciência.

Portanto, é uma contraindicação ABSOLUTA por ser uma técnica que ativa o sistema parassimpático e isto pode acarretar em prejuízos e riscos ao indivíduo.

Síndrome Vasovagal

Gravidez

Em mulheres gestantes a contraindicação é RELATIVA, pois, em grávidas saudáveis, a técnica pode ser aplicada a partir de 16 semanas, desde que siga um protocolo de tratamento individualizado. Antes disto, não é recomendado, pois o Método Hipopressivo pode acarretar em abortos espontâneos e partos prematuros.

Em relação ao pós-parto, as mulheres que desejam iniciar a Ginástica Hipopressiva, devem aguardar 5 semanas pós-parto pois a dopamina, liberada durante a prática, inibe a ação da prolactina, influenciando então no aleitamento.

Gravidez Método Hipopressivo

Conclusão

Apesar da Ginástica Hipopressiva ser uma excelente proposta de tratamento e condicionamento físico, com inúmeros benefícios demonstrados através de estudos científicos e na prática clínica, observa-se que o Método não é para todos os públicos.

A escolha em realizar ou não a técnica vai depender das contraindicações e do perfil do aluno/paciente, pois é uma prática relativamente difícil que requer disciplina, persistência e paciência  para alcançar os resultados.

O profissional habilitado em utilizar o Método Hipopressivo deve estar preparado para realizar uma boa avaliação e prescrever um tratamento adequado, respeitando as individualidades.

 

Referências

  1. BERBAM, L.W. Exercícios de kegel e ginástica hipopressiva como estratégia de atendimento domiciliar no tratamento da Incontinência urinária feminina: Relato de caso. UNIJUÍ- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,2011.
  2. Chulvi-Medrano I, Rebullido TR, Gómez-Tomás C, Faigenbaum AD. Feasibility and preliminary efficacy of a hypopressive exercise program on postmenopausal cancer survivors: A pilot study. J Bodyw Mov Ther. 2020 Oct;24(4):484-489. doi: 10.1016/j.jbmt.2020.02.019. Epub 2020 Feb 22. PMID: 33218551.
  3. GUISADO, MMS; et al. Importancia de las técnicas hipopresivas en la prevención de la incontinencia urinaria pós parto. Recien Revisión Crítica Revista Científica de Enfermería, 2014; 8;1-13
  4. GUYTON, AC; HALL, JE. Tratado de Fisiologia Médica, 11ª ed. Rio de Janeiro:Elsevier,2006.
  5. Ruiz de Viñaspre Hernández R. Efficacy of hypopressive abdominal gymnastics in rehabilitating the pelvic floor of women: A systematic review. Actas Urol Esp (Engl Ed). 2018 Nov;42(9):557-566. English, Spanish. doi: 10.1016/j.acuro.2017.10.004. Epub 2017 Dec 14. PMID: 29248338
  6. Stüpp L, Resende AP, Petricelli CD, Nakamura MU, Alexandre SM, Zanetti MR. Pelvic floor muscle and transversus abdominis activation in abdominal hypopressive technique through surface electromyography. Neurourol Urodyn. 2011 Nov;30(8):1518-21. doi: 10.1002/nau.21151. Epub 2011 Aug 8. PMID: 21826719


























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