O nosso corpo sofre basicamente por dois motivos: falta ou excesso de algo, podendo ser vitaminas, por exemplo. Nesse contexto, o sistema nervoso é influenciado por vários estímulos gerando respostas variáveis entre o simpático e o parassimpático.
O sistema nervoso simpático é estimulado por situações de estresse físico ou psíquico, aumentando os batimentos cardíacos, frequência respiratória e tensões musculares, basicamente excitatório de todo sistema de defesa.
Já o sistema nervoso parassimpático é o oposto, acalmando o corpo, diminuindo batimentos cardíacos, pressão arterial e relaxando todo o sistema de defesa. O equilíbrio dessas ações é fundamental para a nossa saúde.
Infelizmente a maioria das pessoas vive um dia cheio de estímulos nocivos com pouco movimento, sedentarismo, má alimentação, hidratação ruim, fumo, cobranças no trabalho e em casa e não pega sol.
Com tudo isso, repercussões no humor, estresse, tensões e problemas no sono, o corpo vive em colapso.
Pilates pode ajudar a melhorar o sistema nervoso?
O Pilates pode proporcionar melhora desse quadro primeiramente através de um de seus princípios, a respiração. O exercício da respiração auxilia na mobilidade musculoesquelética e fascial, mobilidade das vísceras, circulação dos líquidos corporais e estímulo para o sistema nervoso.
Durante a inspiração o músculo diafragma desce, e com isso empurra todas as vísceras abdominais favorecendo mobilidades entre elas. Esse movimento impede aderências fasciais e estase de líquidos como sangue arterial e venoso, bem como a linfa.
O estímulo no sistema nervoso parassimpático acontece em um dos principais componentes, o nervo vago. Nasce no tronco cerebral, desce pelo pescoço, atravessa o tórax e chega até o abdômen.
É um nervo misto, ou seja, com funções sensitivas e motoras, inervando vísceras e alguns músculos ao longo de seu trajeto. A metodologia do Pilates estimula um equilíbrio entre corpo e mente, favorecendo o bem-estar físico e psíquico.
Em uma aula não se tem o objetivo de extenuar o corpo do aluno, chegar a uma fadiga extrema dos músculos, e sim um controle e percepção corporal das estruturas.
Gerar o estímulo certo e na dose certa é um desafio, visto que cada pessoa tem uma programação sensório-motora do sistema nervoso diferente que é influenciada pela vida pregressa, estilo de vida e meio atual em que vive, por isso é preciso respeitar a individualidade.
Exercícios de mobilidade da coluna como The Cat, Spine Stretch, Mermaid e muitos outros movimentam não só o sistema musculoesquelético mas também todo o tubo neural no qual se aloja o cérebro, tronco cerebral e medula espinhal.
Esse compartimento é revestido por três camadas de membranas, chamadas de meninges, responsáveis pela proteção e regulação da pressão no interior do sistema.
Existe ainda o líquido cefalorraquidiano responsável pelo equilíbrio da pressão e proteção, além de fornecer nutrientes ao cérebro e remover resíduos.
O fluxo desse líquido percorre um caminho do cérebro para o sacro e em seguida um caminho de retorno, conhecido como ritmo crânio-sacral que por sua vez é influenciado pelo ritmo da respiração.
Diante disso, o movimento é vida para essas estruturas, mantém o fluxo do líquido e movimenta as meninges, a fim de manter a mecânica entre as partes interdependentes, ajudando a sustentar o equilíbrio de todo o sistema.
Um exemplo comum de como esse sistema pode ser afetado é quando você passa por alguma cirurgia que precisa tomar uma anestesia raquidiana, comumente usada em partos.
Para isso é necessário perfurar as meninges na coluna havendo muitas vezes a saída de um pouco do líquido cefalorraquidiano.
Essa lesão na meninge vai inflamar e depois curar-se espontaneamente, contudo isso pode causar uma repercussão mecânica devido uma possível aderência no local.
Como tratar a lesão na meninge?
Uma orientação hospitalar imediata após o procedimento anestésico é o paciente ficar deitado na cama na posição ereta, sem elevação de cabeceira. Devido a perda de líquido cefalorraquidiano pode ter alterações de pressão no interior do sistema e causar dores de cabeça ou tonturas.
O sistema nervoso é muito sensível a essas alterações e as famosas cefaleias pós-raqui podem acontecer por conta disso.
A falta do movimento faz com que o sistema nervoso periférico sofra algumas alterações como diminuição das respostas motoras eficientes e inputs nociceptivos que podem ser interpretados como dor, diminuição da mobilidade e capacidade tensional do nervo, e redução do fluxo sanguíneo para o nervo.
A soma delas vai repercutir na funcionalidade do indivíduo. Tudo que os nervos periféricos precisam é de espaço, movimento e sangue. Eles são fundamentais para a manutenção.
Importante entender também sobre as tensões neurais envolvidas no movimento, a neurodinâmica. Não conseguimos separar as estruturas, logo os nervos também estão em movimento.
Por exemplo, nos exercícios ‘Arms and Legs’ existem mobilizações e tensionamentos neurais que precisam ser dosados durante a execução respeitando a tolerância e individualidade de cada aluno.
Gerar muita tensão neural em momentos mais sensíveis pode acarretar desconfortos ou piora do quadro.
A influência sobre o sistema nervoso central pode, consequentemente, repercutir no sistema nervoso periférico, resultando na diminuição dos limiares nociceptivos, aumento da capacidade de resposta a estímulos nocivos periféricos e relaxamento das estruturas que estão sob tensão excessiva.
Um desequilíbrio entre os músculos agonistas e antagonistas funcionais é um dos motivos das disfunções biomecânicas, sendo que alguns deles precisam ser relaxados, mas também ativados.
Conclusão
Dessa forma o conceito de Contrologia se encaixa perfeitamente. O córtex cerebral é responsável pelo controle dessas tarefas funcionais, equilíbrio entre os músculos agonistas e antagonistas funcionais e planejamento de ajustes posturais adequados durante a execução do movimento.
Ou seja, o sistema se antecipa e controla mandando informações para os músculos que irão executar. Agonista para os que não devem participar do movimento, antagonista funcional para os sinergistas que auxiliam e também para os que irão estabilizar aquela tarefa.
Essa interação entre o sistema nervoso central, periférico, músculos e estrutura passiva como ossos, articulações e ligamentos é o que conhecemos hoje como controle motor.
Talvez seja o principal objetivo dentro do Studio de Pilates, o controle motor do movimento funcional humano.
Esse conceito já é aplicado pela metodologia há mais de 100 anos e hoje, com o avanço dos estudos, se consolida como uma ferramenta essencial para o tratamento ou manutenção da saúde funcional das pessoas. Por fim, estimula o sistema nervoso de seu aluno de forma adequada.
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