Atletas de modalidades em geral estão mais do que nunca, enchendo os Studios em busca de treinamento complementar em Pilates Desportivo.
Isso para que eles não percam força muscular e tenham maior amplitude de seus movimentos, ganhem flexibilidade e acima de tudo, que previna as lesões decorrentes do gesto esportivo realizado.
O ciclismo, seja ele de estrada ou mountain bike, é um esporte que está cada vez mais ganhando o gosto da população 1,2. Pois é uma modalidade que pode ser praticada pela maioria das pessoas de maneira amadora, semi profissional ou profissional. Continue lendo para saber mais sobre o Pilates Desportivo aplicado a Ciclistas!
Repetição constante de movimento
O gesto que o atleta apresenta no ciclismo em específico, exige muitos movimentos repetitivos de quadril e joelhos. Se, por algum motivo, essas articulações estiverem com sua função diminuída podem gerar dor, desconforto e consequentemente diminuição do desempenho.
Além de uma provável lesão por repetição – o que para um atleta gera sempre um estresse físico e emocional muito grande. Infelizmente, os músculos não mantêm naturalmente sua amplitude de movimento saudável ou ideal por conta própria.
Na verdade, é exatamente o oposto. Os músculos irão alterar o seu comprimento de descanso funcional para se adaptarem ao comprimento em que são habitualmente usados ou posicionados, seja em qualquer atividade ou esporte.
Como receber o atleta no Studio
O primeiro passo ao receber o ciclista é descobrir o objetivo que esse atleta deseja alcançar e como o método Pilates Desportivo pode lhe auxiliar.
Além de, claro, proporcionar uma boa avaliação fisioterapêutica, seja ela estática e/ou dinâmica deve sempre ser feita.
Através da avaliação é que poderemos identificar a zona alvo da lesão e suas compensações, caso o atleta nos procure com uma situação de dor.
Caso não, o que é raro, a avaliação nos dará um norte para podermos seguir com o tratamento em relação ao déficit de força, equilíbrio, coordenação, respiração e controle dos movimentos, trabalhando de forma preventiva.
E, se possível, é interessante que a avaliação seja feita durante o gesto esportivo, na posição que o atleta fica sobre a bicicleta. Assim poderemos observar sua posição, altura do selim, altura dos pedais, comprimento da mesa, posicionamento dos ísquios e consequentemente da lombar e da cervical.
A partir daí, poderemos identificar se as origens das dores aparecem devido a esses posicionamentos, ou não.
Podemos contar ainda com o laudo de uma avaliação mais detalhada chamada Bikefit 3 e deve ser feita por um profissional treinado.
Características que favorecem lesões
Uma postura adequada sobre a bicicleta é fundamental para não incorrer em redução do desempenho ou aumentar o risco de lesão 4.
De antemão, é basicamente padrão que os atletas dessas modalidades apresentem:
- Anteriorização e hiperextensão de cervical;
- Fraqueza dos músculos do Core;
- Hipercifose torácica;
- Encurtamento de peitoral
- Ilíaco com disfunção;
- Baixa amplitude de movimento em quadril pelo encurtamento muscular de flexores de quadril, quadríceps, isquiotibiais, glúteos e tríceps sural.
Tudo isso decorre no posicionamento mais aerodinâmico que o atleta adota durante a pedalada e quando mantida por muito tempo como em uma prova ou treinamento longo.
Mas como tudo no corpo humano, isso não é uma regra.
Quando não observadas a tempo, esses encurtamentos e fraquezas podem gerar compensações das cadeias musculares do corpo (anteriores, posteriores, laterais e cruzadas) e as patologias traumáticas podem começar a aparecer.
Por exemplo, quando o atleta começar a sentir dores em joelho, quer dizer que o corpo já gerou todas as compensações possíveis e já não aguenta mais o estresse gerado pelo movimento.
A dor reflete como um sinal para que o atleta diminua seus treinos e procure ajuda do profissional fisioterapeuta.
Quais as lesões mais comuns do esporte
Fora as quedas, as lesões não traumáticas mais comuns que a modalidade apresenta, são as tendinosas, devido ao atrito excessivo que o tendão sofre contra o osso durante o movimento de pedalada.
Algumas delas são as tendinoses patelares, quadriciptais, do tracto iliotiobial, além das musculares por fadiga, como as famosas câimbras e dores na lombar, cervical e em menor escala dores em ombros e mãos.
Segundo estudos epidemiológicos, a lombalgia acomete de 30 a 60% dos ciclistas 5 representando uma das queixas mais comuns entre as disfunções musculoesqueléticas neste esporte 6.
Podem ainda aparecer compressões neurais na região perineal e genital, devido ao grande período de tempo sentado sobre o selim e também na região dos punhos, quando mal posicionados sobre o guidão 7.
Nessas situações, o Pilates Desportivo se apresenta como ótima opção de prevenção e tratamento, pois através do método conseguimos corrigir certas compensações e proporcionar maior amplitude de movimento sem dor nas articulações.
Vamos entender agora, quais os exercícios mais indicados para o plano de aula desse atleta.
Então, quais exercícios indicar no Pilates Desportivo?
O bom de trabalhar com atletas é que eles normalmente têm uma consciência corporal melhor, o que nos ajuda, e muito, na compreensão dos exercícios no Pilates Desportivo.
Além da vontade de estar em sua melhor forma nos faz desafiá-los a cada sessão e os resultados são sempre muito satisfatórios.
Comecemos pelos princípios, fundamentos básicos da aula e o fortalecimento do Power House e do Core como um todo. As estratégias que podemos utilizar nas sessões para cada fator serão:
1. Fortalecimento abdominal e equilíbrio
As pranchas estáticas ou dinâmicas são uma ótima opção, a utilização da bola, bosu, disco de equilíbrio e outras bases instáveis, utilizadas no Pilates Desportivo, que simulem o aperfeiçoamento do equilíbrio de forma estática e/ou dinâmica bi e/ou unipodal.
São opções para aperfeiçoar as técnicas nas decidas e até auxilia para que o atleta se livre de um tombo feio, que pode afastá-lo da atividade por certo tempo, portanto, muita atenção à força abdominal.
2. Relaxamento Muscular e Alongamento
A anteriorização de cervical a hipercifose torácica e o encurtamento de peitoral andam juntos neste caso. Um bom protocolo de alongamento e relaxamento da cadeia anterior.
Juntamente com programa de exercícios de fortalecimento de paravertebrais, romboides e manguito rotador auxiliam a reeducação dessa musculatura.
Importante lembrar que, a descompressão vertebral no crescimento axial auxilia em uma boa execução e recrutamento muscular adequado, mantendo o corpo mais alinhado e livre de tensões.
3. Retificação lombar e a disfunção dos ilíacos
É a grande questão do ciclismo, e o ponto mais importante que devemos nos atentar. As co-contrações que acontecem repetidamente na pedalada podem desregular as forças unilaterais dos quadris do atleta.
Então, tentar identificar um ilíaco anteriorizado, posteriorizado, em abertura ou em fechamento, ajuda-nos a saber quais musculaturas precisamos relaxar ou alongar para que esse desequilíbrio se anule.
Essas disfunções podem muitas vezes estarem ligadas a um músculo, chamado iliopsoas, um grande responsável pela flexão do quadril, e pode encontrar-se tensionado e/ou encurtado e trabalhar com sua normalidade é de suma importância no quadril do ciclista.
Além das lesões estarem relacionadas a um grande desequilíbrio entre força e relaxamento dos estabilizadores da lombar, glúteos e transverso abdominal.
A região lombo-pélvica é uma zona de transição de forças entre os membros superiores e inferiores. O ciclista com boa estabilidade lombo-pélvica consegue transferir as forças produzidas pelos membros inferiores ao pedal com maior eficiência 8.
Sem gerar perda de energia por desequilíbrio musculoesquelético e, consequentemente, sem sobrecarregar a coluna lombar 9.
Além disso, o ciclista com bom condicionamento da musculatura lombo-pélvica pode suportar a postura aerodinâmica por mais tempo sem resultar em sensação de desconforto 2.
4. Hipopressivos
Todo atleta deveria incluir na sua rotina, 10 a 20 minutos por dia os exercícios hipopressivos e com isso ter consequências positivas no seu rendimento esportivo.
Com esses exercícios, trabalhamos a liberação miofascial do diafragma, possibilitando uma maior mobilidade do principal músculo da respiração, e por consequência melhora da capacidade respiratória, extremamente importante nos atletas de ciclismo.
Ajudando assim, na regulação das pressões intracavitárias torácica, abdominal e pélvica que o excesso de treinamento pode acarretar.
Um dos efeitos da prática é pré ativar a parede abdominal durante um esforço e com isso melhorar a gestão de forças.
Existe ainda uma hipótese que os exercícios com a técnica hipopressiva podem alterar os parâmetros fisiológicos relacionados com o rendimento por favorecer a produção de glóbulos vermelhos.
Mandando assim, mais oxigênio para os músculos durante uma atividade física, tudo que os ciclistas precisam não é mesmo?
São exercícios que podem tranquilamente serem inseridos na aula de Pilates Desportivo, caso o instrutor tenho domínio e certificação na técnica.
Concluindo…
O Pilates Desportivo é um excelente método reabilitativo e de prevenção de lesões no esporte. Com suas diversas margens e vertentes pode fazer a diferença no preparo de um atleta.
Por isso, você profissional que quer trabalhar com o Pilates Desportivo, mantenha-se atualizado para agregar valor ao atendimento que vai prestar. Você cliente/paciente/aluno/atleta, procure sempre um profissional capacitado e atualizado.
Boa noite!
Ótimo conteúdo!