Tenho algo importante para te ensinar nesse artigo: alguns exercícios que combinam mobilidade de coluna torácica e ombro. Eles serão essenciais na sua aula e para qualquer paciente que queira se reabilitar da dor. Servem para o tratamento de diversos tipos de lesões e patologias, mas em especial problemas causados por desvios posturais.
Continue lendo para aprender tudo que precisa para incorporar os exercícios ideais na sua aula para alunos com dor no ombro e hipercifose.
A anatomia torácica e a hipercifose
A coluna torácica é a continuação da coluna cervical e faz parte da cintura escapular. Ela não é só essencial para os movimentos do ombro, mas também de todo o corpo. Mesmo assim, membros superiores sofrem em especial com seus desequilíbrios musculares e de movimento.
Já conhecemos as curvaturas fisiológicas da coluna, certo? A coluna torácica possui a cifose torácica, uma curvatura que existe para proteger os órgãos e estruturas internas. Na cavidade torácica encontramos diversos órgãos essenciais para a sobrevivência do corpo, portanto, eles sempre terão prioridade.
Muitos pais reclamam com os filhos: fique com a coluna reta, sente direito! Só precisamos lembrar que nem todas as curvaturas da coluna são patológicas. Nós, profissionais do movimento, só queremos corrigir os excessos de curvatura e sempre evitar uma retificação.
A hipercifose torácica é um desvio postural que acontece quando existe um exagero na cifose da coluna. Essa parte da coluna tem uma tendência à perda de mobilidade. Suas vértebras são diferenciadas do restante por serem ligadas à caixa torácica. Sua adaptação faz com que a mobilidade seja naturalmente menor e existe uma possibilidade de retificação.
Quando o aluno combina essa tendência a problemas posturais, uma posição errada durante o trabalho e seus tempos de lazer e tensões musculares ele provavelmente desenvolverá uma hipercifose.
Causas mais comuns da hipercifose torácica
A hipercifose é um problema postural que pode ser causado por diversos fatores. O primeiro que vou mencionar é bem mais comum em idosos, portanto raro em pessoas mais jovens. Algumas patologias que surgem na terceira idade são responsáveis por alterar a coluna torácica a nível biomecânico e alterar a postura. Um exemplo é a osteoporose, que altera a morfologia das vértebras. O corpo com esse problema fica incapaz de manter a melhor postura. O envelhecimento também leva a alguns quadros de fraqueza muscular que impedem a sustentação apropriada da coluna e acentuam a cifose torácica.
Estima-se que entre 20% e 40% dos indivíduos acima de 60 anos apresentem esse desvio.
Nem sempre uma pessoa idosa com alguma patologia desenvolve hipercifose. Depende bastante do quadro do paciente, seus níveis de atividade física durante a vida e histórico clínico. Você deverá realizar uma avaliação cuidadosa em todos os pacientes se quiser determinar a causa do desvio postural.
Outras causas da hipercifose torácica
Agora que você já sabe que é possível encontrar alunos idosos com hipercifose causada por fatores patológicos, vamos focar nos casos que são mais comuns. Esse tipo de hipercifose que mencionei anteriormente é bastante raro, o mais normal é encontrar pacientes com hipercifose postural. E são eles que também provavelmente terão dor no ombro.
Apesar de importante, esse tipo de hipercifose, causado devido à alguma patologia com interferência osteomuscular, é mais raro. O que realmente costumamos encontrar nos Studios são alunos com hipercifose postural, resultante de maus hábitos. Os alunos com esse tipo de desvio criaram o próprio problema através da posição que usam no dia-a-dia.
O desvio do tipo postural é causado por um problema de postura. Pode ser o adolescente que senta errado durante a aula inteira todos os dias, o adulto que trabalha curvado para o computador, etc. O uso frequente da tecnologia incentiva a pessoa a passar mais tempo sentado em posições inadequadas, o que torna o desvio mais comum.
Também existem algumas hipercifoses relacionadas a fatores psicossociais do indivíduo que a desenvolve. Alguns pacientes muito tímidos e introvertidos ou passando por um quadro depressivo costumam “se fechar” e criar a postura inclinada para a frente. Essa posição da coluna torácica com ombros em rotação interna são um indício de sentimentos de fragilidade e tentativa de proteção. E adivinhe: esse tipo de postura em fechamento também causa dor no ombro.
Mesmo que a causa sejam fatores naturais do envelhecimento ou fatores psicossociais precisaremos corrigi-los. Os desequilíbrios musculares causados pelo desvio postural são graves, causam dor no ombro e diversos outros problemas. É exatamente por isso que aprenderemos alguns exercícios para esse fim.
Coluna torácica e sua relação a alunos com dor no ombro
Mencionei anteriormente que a coluna torácica faz parte da cintura escapular. Agora lembremos rapidamente da anatomia do ombro e pensemos em como seus movimentos são dependentes da cintura escapular. É de se esperar que alterações em uma das partes desse complexo geram compensações em outras.
Além disso, a hipercifose também gera compensações respiratórias importantes na hora dos exercícios. Sem movimentos da coluna a expansão e retração da caixa torácica durante a respiração ficam limitadas. Os pulmões deixam de ser capazes de atingir sua capacidade máxima e até o diafragma começa a sofrer. Alguns alunos com hipercifose tem uma limitação do diafragma que piora sua respiração.
Alunos com esses problemas têm dificuldades para realizar atividades físicas mais intensas e atingem a exaustão muito mais rápido. Isso representa uma dificuldade nas aulas que conseguimos consertar através do tratamento.
Voltando para nossos alunos com dor no ombro, a posição errada da coluna deixa alguns músculos da cintura escapular enfraquecidos e outros tensionados. As escápulas sofrem uma grande limitação já que perdem parte de sua amplitude de movimento. Para que seu movimento aconteça elas precisam realizar um deslizamento sobre a caixa torácica, especialmente para movimentos mais amplos.
A articulação escápulo torácica torna-se mais rígida em pacientes com hipercifose torácica. Isso acontece para proteger a articulação de possíveis lesões que seriam causadas pelo movimento mais instável.
As tensões se espalham por toda a cadeia muscular da parte superior do tronco. Assim, o quadro de dor no ombro que encontramos deixa de ser simples e vira uma série de compensações do corpo. Tudo para garantir o movimento enquanto a coluna torácica está mais rígida e com a cifose aumentada.
Exercícios para alunos com dor no ombro e hipercifose torácica
Vimos que a hipercifose torácica está tão relacionada à dor no ombro que pode até ser uma de suas causas. Mesmo sabendo disso, você ainda deixará o trabalho de mobilidade de lado para priorizar exercícios isolados para o ombro? Espero que não.
Para te ajudar a planejar sua aula e fornecer o melhor tratamento possível para o aluno, separei alguns exercícios úteis.
Conclusão
A dor no ombro e a coluna torácica costumam estar associados. Um tratamento de sucesso precisa de exercícios que combinem mobilidade torácica e de ombro. Sem eles continuaremos com um ombro pouco funcional e cheio de dor que só atrapalha o aluno.